O Ministério de Apóstolo.
TEXTO ÁUREO
"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros
para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores"
(Ef 4.11).
VERDADE PRÁTICA
O dom do apostolado foi concedido por Deus à igreja
com o propósito de expandir o Evangelho de Cristo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 4.7-16
INTRODUÇÃO - A partir da lição desta semana estudaremos os Dons Ministeriais
distribuídos por Deus à sua Igreja, objetivando desenvolver o caráter cristão
da comunidade dos santos, tornando-o semelhante ao de Cristo (Ef 4.13). De
acordo com as epístolas aos Efésios e aos Coríntios, são cinco os dons
ministeriais concedidos por Deus à Igreja: apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e doutores (1 Co 12.27-29). Veremos o quanto esses ministérios são
necessários a vida da igreja local para cumprir a missão ordenada pelo Senhor
ante o mundo e, simultaneamente, crescer "na graça e conhecimento de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 3.18). Mostrando a sequência de
Efésios 4.11, iniciaremos o estudo pelo dom ministerial de apóstolo.
I. O COLÉGIO APOSTÓLICO
1. O termo
"apóstolo". O
Dicionário Bíblico Wycliffe informa que o termo grego apostolos origina-se do
verbo apostellein, que significa "enviar", "remeter". A
palavra apóstolo, portanto, significa "aquele que é enviado",
"mensageiro", "oficialmente comissionado por Cristo". Ao
longo do Novo Testamento, o verdadeiro apóstolo é enviado por Cristo igualmente
como o Filho foi enviado pelo Pai com a missão de salvar o pecador com
autoridade, poder, graça e amor. O verdadeiro apostolado baseia-se na pessoa e obra
de Jesus, o Apóstolo por excelência (Hb 3.1).
2. O
colégio apostólico. Entende-se
por colégio apostólico o grupo dos doze primeiros discípulos de Jesus
convidados por Ele a auxiliarem o seu ministério terreno. O Salvador os separou
e nomeou. Os primeiros escolhidos não eram homens perfeitos, mas foram
vocacionados a levar a mensagem do Evangelho a todo o mundo (Mt 28.19,20; Mc
16.15-20). De acordo com Stanley Horton, eles foram habilitados a exercer
"o ministério quando do estabelecimento da Igreja (At 1.20,25,26)".
Em outras palavras, os doze apóstolos constituíram a base ministerial para o
desenvolvimento e a expansão da Igreja no mundo. Mas antes, como nos mostra a
Palavra de Deus, receberam o batismo com o Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.8;
2.1-46).
3. A
singularidade dos doze. Aqui é importante ressaltar que o apostolado dos doze tem uma conotação
bem singular em relação aos demais encontrados em Atos e também nas epístolas
paulinas.
a) Eles
foram convocados pessoalmente pelo Senhor. Multidões seguiam Jesus por onde Ele
passava (Mt 4.25), e muitos se tornavam seguidores do Mestre. Mas para iniciar
o trabalho da Grande Comissão, apenas doze foram convocados pessoalmente por
Ele (Mt 10.1; Lc 6.13)
b) Andaram com Jesus durante todo o seu ministério. Desde o batismo do
Senhor até a crucificação, os doze andaram com o Mestre, aprenderam e
conviveram com Ele (Mc 6.7; Jo 6.66-71; At 1.21-23).
c)
Receberam autoridade do Senhor (Jo 20.21-23). Os doze receberam de Jesus um
mandato especial para prosseguirem com a obra de evangelização. Eles foram
revestidos de autoridade de Deus para expulsar os demônios, curar os enfermos e
pregar o Evangelho à humanidade (Mc 16.17,18; cf. At 2.4).
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O verdadeiro apostolado é centrado única e exclusivamente em Jesus
Cristo, pois Ele é o Apóstolo enviado pelo Pai.
II. O APÓSTOLO PAULO
1. Saulo
e sua conversão. Saulo foi
um judeu de cidadania romana, educado "aos pés de Gamaliel", e também
um importante mestre do judaísmo (At 22.3,25). Ele era intelectual, fariseu e
foi perseguidor dos cristãos. Entretanto, a caminho de Damasco, em busca dos
cristãos que haviam fugido devido à perseguição em Jerusalém, e com carta de
autorização para prendê-los, Saulo teve uma experiência com o Cristo ressurreto
(At 9.1-22). A sua vida foi inteiramente transformada a partir desse encontro
pessoal com Jesus. De perseguidor, passou a perseguido; de Saulo, o fariseu, a
Paulo, o apóstolo dos gentios.
2. Um
homem preparado para servir. Dos vinte sete livros do Novo Testamento, treze
foram escritos pelo apóstolo Paulo. Quão grande tratado teológico encontramos
em sua Epístola aos Romanos! O seu legado teológico foi grandioso para o
cristianismo. Mas para além da intelectualidade teológica, o apóstolo dos
gentios levou uma vida de sofrimento por causa da pregação do Cristo
ressurreto. Eis a declaração apostólica que denota tal verdade: "Combati o
bom combate, acabei a carreira, guardei a fé" (2 Tm 4.7).
3.
"O menor dos apóstolos". O apóstolo Paulo não pertencia ao colégio dos
doze. Ele não andou com Jesus em seu ministério terreno nem testemunhou a
ressurreição do Senhor - requisitos indispensáveis para o grupo dos doze (At
1.21-23). Humildemente, o apóstolo reconheceu que não merecia ser assim
chamado, pois considerava-se um "abortivo", como que nascido fora de
tempo, o menor de todos (1 Co 15.8,9). Entretanto, o Senhor se revelou a ele
ressurreto (At 9.4,5) e ensinou-lhe todas as coisas. O apóstolo recebeu o
Evangelho diretamente do Senhor (Gl 1.6-24; 1 Co 11.23). Embora o colégio
apostólico tenha reconhecido o apostolado paulino (Gl 2.6-10; 2 Pe 3.14-16), as
igrejas plantadas por ele eram o selo do seu ministério apostólico (1 Co 9.2).
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Paulo viu o Cristo ressurreto. Esta era a sua credencial apostólica
III. APOSTOLICIDADE ATUAL (Ef 4.11)
1. Ainda
há apóstolos? No
sentido estrito do termo, e de acordo com a sua singularidade, apóstolos como
os doze não mais existem. A Palavra de Deus diz que durante o milênio, os doze
se assentarão sobre tronos para julgar as doze tribos de Israel (Mt 19.28). Os
seus nomes também estarão registrados nos doze fundamentos da cidade santa (Ap
21.12-14). Logo, o colégio apostólico foi formado por um grupo limitado de
discípulos, não havendo, portanto, uma sucessão apostólica.
2.
Apóstolos fora dos doze. A carta aos Efésios apresenta a vigência do dom ministerial de
apóstolo. O teólogo Stanley Horton informa-nos que "o Novo Testamento
indica que havia outros apóstolos que também haviam sido dados como dons à Igreja.
Entre estes se acham Paulo e Barnabé (At 14.4,14, bem como os parentes de
Paulo, Andrônico e Júnia (Rm 16.7)". Ao longo do Novo Testamento, e no
primeiro século da Igreja, o termo apóstolo recebeu um significado mais amplo,
de um dom ministerial distribuído à igreja local (Dicionário Vine).
3. O
ministério apostólico atual. Não há sucessão apostólica. Esta é uma doutrina
formada pela igreja romana e, infelizmente, copiada por algumas evangélicas
para justificar a existência do poder papal. O ministério dos doze não se
repete mais. O que há é o ministério de caráter apostólico. Atualmente,
missionários enviados para evangelizar povos não alcançados pelo Evangelho são
dignos de serem reconhecidos como verdadeiros apóstolos de Cristo. Homens como
John Wesley, William Carey (cognominado "pai das missões modernas"),
Hudson Taylor, D. L. Moody, Gunnar Vingren, Daniel Berg, "irmão
André" e tantos outros, em tempos recentes, foram verdadeiros
desbravadores apostólicos. Cidades e até países foram impactados pela
instrumentalidade desses servos de Deus.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Segundo Efésios 4.11 o dom ministerial de apóstolo está em plena
vigência na igreja atual.
CONCLUSÃO
Nos moldes do colégio dos doze, o ministério apostólico não existe
atualmente. Entretanto, o dom ministerial de apóstolo citado por Paulo em
Efésios 4.11 está em plena vigência. Pastores experimentados, evangelistas e
missionários que desbravaram os rincões do nosso país ou em países inimigos do
Evangelho, são pessoas portadoras desse dom ministerial. São os verdadeiros
apóstolos da Igreja de Cristo hoje.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
"Jesus é o supremo Sumo Sacerdote e Apóstolo (Hb 3.1). A palavra
apóstolo era usada, no entanto, para qualquer mensageiro nomeado e comissionado
a algum propósito. Epafrodito foi um mensageiro (apóstolo) nomeado pela igreja
em Filipos e enviado a Paulo (Fp 2.25). Os companheiros de Paulo eram os
mensageiros (apóstolos) enviados pelas igrejas e por elas comissionados (2 Co
8.23).
Os doze, apenas, eram apóstolos específicos. Depois de uma noite em
oração, Jesus os escolheu do meio de um grupo de discípulos e os chamou
apóstolos (Lc 6.13). Pedro recomendou que os doze tinham um ministério e
supervisão especiais (At 2. 20,25,26), provavelmente tendo em mente a promessa
de que eles futuramente julgariam (governariam) as 12 tribos de Israel (Mt
19.28). Sendo assim, nenhum apóstolo foi escolhido, depois de Matias, para
estar entre os doze. Nem foram nomeados substitutos, quando estes foram martirizados.
Na Nova Jerusalém há apenas 12 alicerces, com os nomes dos 12 apóstolos
inscritos neles (Ap 21.14). Os doze, portanto, eram um grupo limitado, e
realizavam uma função especial na pregação, no ensino e no estabelecimento da
Igreja, além de testificar da ressurreição de Cristo, com poder. Ninguém mais
pode ser um apóstolo no sentido em que eles foram" (HORTON, Stanley M. A
Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p.287).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
"APÓSTOLO
Os apóstolos foram testemunhas oculares das atividades de Jesus na terra
e consequentemente testificaram que Jesus era o Senhor ressurrecto (Lc
24.45-48; 1 Jo 1.1-3). Os pré-requisitos para a substituição apostólica nesta
função única são dados em At 1.21,22. A lista de apóstolos de Lucas (Lc
6.14-16; At 1.13) corresponde à lista dos doze dadas em Mateus 10.2-4 e Marcos
3.16-19. Mateus lista os discípulos aos pares, supostamente como enviados por
Jesus. Tadeu (em Mateus e Marcos) era idêntico a Judas o filho de Tiago (em
Lucas). Pedro, Tiago e João formavam um círculo íntimo dentre os doze, e
estavam presentes no episódio da transfiguração (Mt 17.1-9; Mc 9.2-10; Lc
9.28-36) e no Getsêmani (Mt 26.36-46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46). Os doze foram
selecionados para ser os companheiros de Jesus e proclamar o Evangelho (Mc
3.14). Durante o ministério de Jesus, os doze serviram como seus
representantes, uma função compartilhada por outros (Lc 10.1).
Aparentemente, a posição dos apóstolos não foi fixada permanentemente
antes da ressurreição (Mt 19.28-30; Lc 22.28-34; cf. Jo 21.15-18). O Cristo
ressurrecto fez deste grupo seleto de testemunhas do seu ministério e
ressurreição, apóstolos e testemunhas permanentes de que Ele é o Senhor, os
comissionou como missionários, os instruiu a ensinar e batizar (Mt 28.18-20; Mc
16.15-18; Lc 24.46-48), e completou o processo com o envio do Espírito Santo no
Pentecostes (Lc 24.49; At 1.1-8; 2.1-13). No período inicial, os 12 apóstolos
eram os únicos ensinadores e líderes da igreja, e outros ofícios foram
derivados deles (At 6.1-6; 15.4). O apostolado não implicava em uma liderança
permanente. Embora Pedro tenha iniciado missões aos judeus (Atos 2) e aos
gentios (At 10.11 1.18), Tiago o substituiu como líder entre os judeus, e Paulo
como líder entre os gentios.
Os membros da igreja são sacerdotes, reis, servos de Deus e santos que
usam seus dons para a edificação da igreja como um todo (1 Co 12.1-11; 1 Pe
2.9; Ap 1.6; 5.8,10; 7.3) e, como os apóstolos, são mediadores de Cristo (Mt
25.40,45; Mc 9.37; Lc 9.48) e reinarão com Ele (Ap 3.21).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo
Testamento. 12. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
HORTON, Stanley M (Ed). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
Revista Ensinador Cristão CPAD
nº58. p.39.
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